Não é novidade para ninguém dizer que Demian Maia é um ás do Jiu-Jitsu. No entanto, poucos se lembram que, em 2005, ele superou um dos maiores lutadores da arte suave de todos os tempos e abocanhou o ouro no Mundial da Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu Olímpico (CBJJO).
O Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, fora o palco do feito histórico – afinal, não é todo dia que alguém vence Ronaldo Jacaré de quimono. O manauara, que só havia sido derrotado por Saulo Ribeiro e Roger Gracie – com quem, inclusive, protagonizou duelos memoráveis -, chegou à final do torneio como franco favorito, credenciado por seus diversos triunfos. Demian sabia que precisaria derrotar um lutador completo e, aparentemente, sem falhas caso quisesse ficar com o lugar mais alto do pódio. Mas, mesmo assim, não traçou estratégia nenhuma para o decisivo confronto.
“Lembro que fiz boas lutas até chegar à final. Lutei de manhã e só iria enfrentar o Jacaré no fim da tarde. Fui para casa, dormi, comi e voltei para o ginásio. Todo mundo acreditava que ele ia ser o campeão, e eu acabei entrando no tatame sem saber o que fazer direito. Eu sabia que o Ronaldo era bom por cima; o (Rodrigo) Comprido me disse que ele era ainda melhor por baixo, que raspava muito fácil; todo mundo sabia que ele tinha ótimas quedas. Aí, realmente, ficou difícil para mim. Eu ia explorar o que no jogo dele? Acabei entrando sem estratégia”, relembra o paulista, que morava pertinho do ginásio à época.
Demian já havia faturado o ouro no mundial da CBJJO em duas ocasiões: em 2002 e em 2003. O tricampeonato, segundo o faixa-preta, seria o mais difícil de sua trajetória. Pudera. Apesar da dificuldade de encarar um atleta do calibre de Jacaré, que já havia sido considerado o melhor do mundo naquele tempo, e de ir para a luta sem tática nenhuma, Maia caiu para dentro. E lembra todos os detalhes daquele confronto inesquecível.
“Cara, eu lembro de tudo! Lembro que, na hora da pegada, acabei puxando-o para a guarda, e foi meio que uma reação minha mesmo. Em determinado momento, ele me deu as costas, e peguei. O Jacaré ficou tentando me tirar, fiquei de cabeça para baixo, mas não soltei. Acabei caindo e não consegui colocar o gancho, então, ele conseguiu sair, e começou tudo de novo. Fiz a mesma posição, e ele me deu uma queda boa, mas eu pensei que estivesse caído fora da área de luta, porém, o juiz deu os pontos. Ou seja, estava 2 a 2, mas eu estava ganhando em vantagem. A partir dali, consegui ir para as costas de novo e anotei outra vantagem. Na malandragem, o Jacaré deu uma cambalhota para fora da área de, e a luta recomeçou em pé. Lembro que tive que me manter muito focado, pois o Ronaldo é muito explosivo e podia pontuar a qualquer momento. Mas, graças a Deus, consegui segurá-lo e comemorei muito no fim”, detalha, com precisão.
A importância da vitória é tamanha que, até hoje, dez anos após o título, Demian consegue fazer um “play-by-play” do combate. Além da emoção por superar o manauara, havia outro motivo a ser comemorado: o Mundial da CBJJO era a única competição a oferecer dinheiro na época, um incentivo e tanto aos lutadores que pleiteavam – e ainda pleiteiam – por remuneração nos campeonatos.
Cifras à parte, Demian se orgulha mesmo é de ter sido a zebra daquele fim de tarde paulistano. De lá para cá, sua carreira na arte suave ganhou outros ares: no ano seguinte, o faixa-preta ficou com a prata no ADCC e, em 2007, faturou o ouro no maior campeonato de Grappling do planeta.
“Depois daquilo, eu passei a me considerar um competidor de alto nível, pois foi difícil chegar à final. Tinha o Xande Ribeiro, o Pé de Chumbo… Um monte de feras. Sem dúvidas, de quimono, aquele Mundial foi o ponto mais alto da minha carreira”.
Deixando o tatame de lado, Demian Maia tem encontro marcado com Ryan LaFlare no main event do UFC Rio 6, que acontece no sábado (21) no Maracanãzinho.
Sábado, dia 21 de março de 2015
Ginásio do Maracanãzinho, Rio de Janeiro
Card principal:
- Demian Maia x Ryan LaFlare
- Erick Silva x Josh Koscheck
- Gilbert Durinho x Alex Cowboy
- Léo Santos x Tony Martin
- Amanda Nunes x Shayna Baszler
- Godofredo Pepey x Andre Fili
Card preliminar:
- Francisco Massaranduba x Akbarh Arreola
- Kevin Souza x Katsumi Kikuno
- Leandro Buscapé x Drew Dober
- Leonardo Macarrão x Cain Carrizosa
- Jorge Blade x Christos Giagos
- Fredy Serrano x Bentley Syler
Fonte: TATAME
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